Resenha: (Livro) Inferis – Alex Zuchi

“Às vezes, conhecemos um homem em menos de uma hora. Às vezes – sorriu ao encarar o superintendente. – Nem mesmo durante uma vida inteira.” – Ênio Amaral

 

Leitores, a resenha de hoje é especial. É com imensa felicidade que publico pela primeira vez a resenha de um livro que me fora pedido para ler e comentar. Pode ser um gesto singelo, mas possui muito significado para mim. Agradeço ao Alex Zuchi pela sua confiança em meu trabalho – hobby. Gratidão!

Agora, vamos ao que importa!


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Resultado de imagem para livro inferisNome: Inferis

Autor: Alex Zuchi

Editora: Publicação independente pela Amazon

Edição:

Páginas: 301

Sinopse: Matheus Mayer é um homem atormentado pelos infortúnios do passado. Acusado pela morte de sua família, ele tenta provar tanto a sua inocência quanto o fato de que sua filha ainda está viva enquanto é mantido preso há uma década em diferentes instituições psiquiátricas. Ao ser encaminhado para um novo Hospital Psiquiátrico – construído em meio à uma região isolada – Matheus encontra apenas cinco pacientes. Cada um deles carrega uma personalidade completamente distinta do outro e cada um parece almejar um objetivo inteiramente diverso. Uma característica especial, contudo, parece uni-los. Os demais residentes do hospital são funcionários dedicados exclusivamente aos seis homens.
Matheus começa a perceber que enigmas sombrios ecoam dentro da instituição, principalmente após a chegada de um homem misterioso chamado Heitor Velasques e sua equipe de pesquisadores, cujos intentos ainda são desconhecidos. A tensão entre os funcionários é quase palpável.
Resoluto a provar sua inocência e reencontrar sua filha, Matheus Mayer passa a sentir a presença de manifestações sobrenaturais que parecem habitar nas entranhas da edificação, tanto em sonhos proféticos quanto nas súbitas alterações físicas e mentais dos residentes do hospital psiquiátrico. As manifestações parecem evocar sensações distintas, como se o divino e o profano lutassem para garantir seu domínio.
De um a um, os internos são chamados pela equipe de pesquisadores para um experimento. Depois dele, eles não são mais encontrados em lugar algum, assim como mudanças físicas e sensoriais parecem transformar as dependências do hospital psiquiátrico em um local completamente diferente. Agora há dor, cheiros nauseantes, chamas e paredes pulsantes.
Aflorando seu lado investigativo e com o auxílio de funcionários do próprio hospital, Matheus Mayer começava a desvendar as motivações de Heitor e se vê enredado em um perigoso e complexo jogo, no qual por meio de dispositivos de interfaces neurais e drogas experimentais, a mente dos condenados é invadida em busca da chave para o domínio dos deuses. 
É chegada a hora de explorar as entranhas do inferno na jornada rumo ao reencontro.
Até onde você iria para salvar quem você ama?

Booktrailer

Imagina você ter acesso ao inferno. Agora, imagina você precisar provar que não é louco e ainda é inocente, que não foi você quem matou sua mulher e filha. Pois é, é com esse fardo que Matheus Mayer, nosso protagonista, passa os seus dias…

Logo no início temos uma prova do que iremos encontrar nas páginas seguintes. Temos uma mistura do sobrenatural com o real, a tentativa de encontrar explicações para o que é inexplicável.

Achei essa jogada do Alex bem interessante. Envolver feitios sobrenaturais (inferno, demônios, seres de luz e afins) num ambiente hospitalar para loucos (assassinos, estupradores e fanáticos) é como procurar agulha em um palheiro: os internos estão sempre certos em suas mentes, mas nunca contingentes com a realidade para os especialistas de branco. Qual lado possui razão?

A história vai se desenvolvendo gradativamente com o passar do tempo e vamos conhecendo os personagens principais, que não são muitos – o que é bom para mim. Alguns deles geram empatia, e outros desgostos. Há momentos em que é impossível não expressar uma reação enquanto lê.

Sobre o elenco principal, Alex Zuchi parece ter escolhido a dedo os personagens, e não apenas citados sem pensar. Cada intento possui suas neuras e histórias, todos suficientes para mostrar um lado oculto do ser humano. E por falar em lado oculto, é justamente isso que o livro tenta trazer à tona: somos humanos e temos necessidades diferentes, mas precisamos ocultá-las por não serem aceitas pela sociedade.

Tudo bem, nem tudo deve ser feito livre e espontaneamente por aí, sabemos disso. Para termos um bom convívio e agirmos civilizadamente, algumas atitudes devem ser tomadas e outras negadas. Quando aqueles burlam as regras, são logo taxados de loucos ou insanos. Eles apenas não filtram seus desejos. Será que são desejos que só alguns têm? Ou todos temos, porém os ocultamos?

Voltemos aos internos. Cada um com sua história, cada um com sua própria realidade. E cada um com o seu nome, o que considerei um ponto negativo no livro. Talvez a maneira como fora abordada não tenha ajudado muito a minha leitura. Acontece que cada pessoa ali acusada de cometer um crime possui seu nome próprio e um apelido relacionado ao crime cometido. Até aí, tudo bem. A coisa fica complicada quando a narrativa se refere ora pelo nome, ora pelo apelido. Muitas vezes eu demorei a relacionar o caso com a pessoa porque não conseguia relacionar os nomes. Talvez, se apenas o apelido fosse utilizado, essa confusão não me ocorreria. Lembrando que é em relação à minha leitura. Pode ser que com você isso não seja problema.

E problema é o que não falta naquele hospital psiquiátrico. A cada capítulo um suspense surge e a tensão cresce. Você começa a desconfiar de um e a torcer pelo outro. Dá até para imaginar como seria se você estivesse ali. Felizmente não estamos, pois não queria me meter em problemas!

O livro termina bem do jeito que eu queria, apesar de ter ficado triste. Se eu o tivesse escrito, faria a mesma coisa. Porém, como leitor, gostaria de mudar alguns fatos só para ver a história se desenrolar por mais algum tempo. Acho que isso é um pedido de uma continuação para a história, hein, Alex! Com certeza eu iria gostar de saber das possíveis  novas aventuras. Um segundo livro me parece indispensável. (Tá bem explícito meu pedido para a continuação, né?)

“- Amar e ser amado… – Matheus falou quase que para si mesmo. Os demais homens se voltaram para ele. – Essa é a mais sublime das sensações – falou olhando para as próprias mãos. – Ter nos seus braços a pessoa que te completa. A pessoa que te faz sentir especial. Não há nada igual a olhar no olhos dessa pessoa e ver o brilho que ela irradia. Tu não pensa em ser mais rico. Não pensa em ser mais bonito ou mais inteligente. E dentro do teu coração há a certeza de que não mudaria nada nessa pessoa. É claro que ela não é perfeita – Matheus encarou o Gordo com bondade. A perfeição é apenas um conceito – completou. – Tu aprende a amar as suas imperfeições, as suas manias, a sua personalidade. Nos braços dessa pessoa é possível encontrar a paz. Uma paz física e mental incomparável. A única coisa que se busca a qualquer custo é que aquele momento nos braços dela fure para sempre. Que a eternidade congele naqueles segundos.” – Matheus Mayer

A obra é boa e eu recomendo aos leitores do meu blog. Acredito que o autor tenha potencial para crescer dentro dessa área. Há uns deslizes na estrutura física do texto, mas nada que uma revisão profissional de uma editora não resolva. A leitura não sofre problemas por conta disso.

E a maneira de escrever é um pouco curiosa. Como disse, o autor tem potencial para crescer, o que significa que algumas alterações podem ser feitas. Por exemplo, o uso de estruturas semi-prontas e a forma como introduz uma nova cena são simples e até engraçadas, mas que podem diminuir um pouco a credibilidade do trabalho.

E, claro, não posso deixar de ressaltar minha alegria em ler obras nacionais. A trama vivida pelo nosso protagonista Matheus Mayer se passa no Rio Grande do Sul e a presença do tu como principal pronome é bem gratificante. Você viaja para o local devido a isso, o que faz a leitura mais interessante. E falando em local, não há muitos detalhes dos ambientes descritos na história, o que é bom e ruim ao mesmo tempo: bom, porque não tem tanta informação desnecessária e ruim, porque deixa de lado a beleza da região. Sabemos também que, muitas vezes, ter um lugar descrito apenas por fazer não acrescenta vantagem alguma ao livro. Em Inferis, o foco está no objetivo da trama, não nos devaneios dela.

Outra característica presente é o constante uso da linguagem oral no texto escrito. Palavras como pra e erros de conjugação, como “tu deve me ajudar”, são frequentes na história, o que a torna mais próxima da realidade. Ainda, a adaptação à fala infantil de um dos personagens deixa a caracterização mais forte. Essa é, sem dúvida, uma boa forma de retratar ainda mais a realidade dos moradores da região, aumentando a credibilidade e autenticidade da obra.

Ainda, há um detalhe que me deixou com uma pulga atrás da orelha: a palavra “Deus”, quando proferida pelas pessoas, é escrita com letra minúscula, “deus”. Quando referida à entidade, é com letra maiúscula. Tal jogada é outro ponto positivo: nem todos enxergam em Deus uma entidade poderosa, como retratada pelas escritura sagrada. Para muitos, existe deus, assim como também para muitos existe Deus.

Para finalizar, preciso citar duas coisas que me chamaram a atenção, uma boa e uma ruim. A boa é a presença de citações logo após o título, antes do primeiro parágrafo (elas têm um nome específico, mas não me lembro). Gosto disso porque dá um clima ao capítulo, preparando o terreno para o que vai vir. Já a coisa ruim, mas não tanto assim, é a presença de palavras um tanto difíceis ou pouco usadas (percebi que elas desaparecem a partir do meio do livro), o que dificulta a compreensão da leitura.

Agradeço novamente ao Alex Zuchi por ter me dado essa oportunidade e confiança no meu trabalho. Saibam que fiquei satisfeito com o livro e surpreso com o autor – logo abaixo deixarei a biografia e links para contato. É sempre bom conhecer um pouco o autor antes da obra, pois muitas vezes isso interfere na produção artística. Esse é o segundo livro do autor.

Vamos de leitura então? Deem uma força à literatura nacional e aos autores brasileiros, principalmente os independentes. O Brasil precisa de mais gente como a gente!


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Avaliação: 9 / 10

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Link para a compra do livro: https://www.amazon.com.br/INFERIS-Alex-Zuchi-ebook/dp/B074H7XC7F 

Sobre o autor: Alex Zuchi nasceu em Sapucaia do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, e 1977. É formado em Inglês e Engenharia de Produção pela UNISINOS e Pós Graduação em Gestão de Projetos pela UNINTER, além de ser o vocalista e letrista da banda de Death Metal IN TORMENT. Atualmente reside em São Leopoldo/RS. INFERIS é o seu segundo romance.

Livros do autor:

 – A TRANSCENDÊNCIA DA CARNE.

– INFERIS

Contato:

Mailto: alexzuchi@hotmail.com

Site oficial: https://alexzuchi.wixsite.com/site

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