Resenha: (Filme) A Cabana – 2017

Último dia do feriadão foi assim: shopping e cinema! Bem típico de mim, não? rs Dessa vez, eu não estava por dentro dos filmes em cartaz, então fui sem saber o que assistir. Dentre as opções que tinham lá, fiquei entre O Poderoso Chefinho e A Cabana. Como estava acompanhado dos meus tios e não estava muito a fim de assistir a uma animação, decidi assistir ao filme A Cabana. Nunca li o livro mas tinha uma noção sobre o que se tratava. Posso dizer que foi uma experiência e tanto!


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Aquela intimidade com os personagens

== O FILME ==

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Nome: A Cabana (The Shack)
Duração: 2h13min
Lançamento: 07 de abril de 2017

Sinopse: Um homem vive atormentado após perder a sua filha mais nova, cujo corpo nunca foi encontrado, mas sinais de que ela teria sido violentada e assassinada são encontrados em uma cabana nas montanhas. Anos depois da tragédia, ele recebe um chamado misterioso para retornar a esse local, onde ele vai receber uma lição de vida.

Direção: Stuart Hazeldine
Adaptação: Livro A Cabana (The Shack), de William P. Young

Trailer do filme

O filme começa com um narrador que não se identifica, mas você descobre no decorrer da história. As primeiras cenas mostram uma criança chegando em casa e vendo o pai bater na mãe. Sua família é religiosa e, em um momento, na Igreja Prebisteriana, o menino confessa ao pastor que se sente fraco por não ser capaz de impedir que o pai faça tais atrocidades com a mãe. À noite, após chegarem em casa, o pai leva o menino para fora e começa a lhe dar batidas nas costas com o cinto e reclamando dos feitios do menino. Este, um dia, decide agir e, por se tratar de uma criança inocente, mistura uns líquidos venenosos (não me lembro o nome agora) com a cerveja do pai. Instantes depois, esse “garoto” desperta na sua cama, assustado. “Garoto”, com aspas, porque ele agora está adulto e é chefe de família, pai de dois adolescentes e uma criança. Ao que parece, ele matou o pai, ingenuinamente, e se sente culpado até os dias de hoje.

Sua família é bem feliz e tradicional. Vão à Igreja e possuem o costume de orar todas as noites. Apesar disso, ele não costuma cantar e louvar, como sua mulher faz piamente. Vemos que ele possui uma certa raiva de Deus pelo o ocorrido e por outras coisas.

A coisa começa a andar quando ele recebe uma carta na sua caixa de correios com referências a algo que somente ele e seu amigo e família sabem. É um convite para ir até a cabana e se encontrar com “Papai”. Porém, antes de explicar essa parte, é preciso entender o que se passou antes – o filme possui cenas para mostrar o antes e o depois.

Em um belo final de verão, a família vai para um acampamento perto das montanhas, mas a mãe fica em casa por causa de seus afazeres. Lá, ele conhece seu amigo – e continuam amigos até hoje – e dá início à tragédia. Resumindo os detalhes, a sua filha mais nova, uma criança, desaparece enquanto ele salvava seus outros dois filhos de um afogamento. A polícia local é acionada e, um tempinho depois, descobrem que um homem que é procurado há tempos sequestrou e matou a criança. Tal assassinato ocorreu em uma cabana.

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Aquela foto antes da viagem…

De volta ao presente, aquela carta deixa o chefe de família intrigado pois, além de não haver rastros e pegadas, o nome do remetente chamava a atenção: “Papai” é como sua mulher e filhos se referem a Deus durante as orações noturnas. Após pensar nas possibilidades e de conversar com seu amigo/vizinho, ele decide ir à cabana, a mesma onde ocorreu a tragédia e a que é mencionada na carta. Chegando lá, ele encontra vazia e coberta de neve. Por um momento, pensa em se matar, mas aparece um veado e o assusta, tirando-o do surto. Ouve-se um barulho e ele sai da casa para ver do que se trata. Há um homem vindo em direção à cabana. O pai tenta se esconder, mas esse homem parecia saber que ele estava ali e o convida para entrar, ignorando a arma apontada para ele.

Ao chegar à cabana, o local está claro, florido e com o sol brilhando vivamente. Ao entrar, ele encontra três pessoas, sendo uma delas alguém que ele conhecia na infância e que o apoiava nos momentos de desespero. Quem são essas pessoas? São Deus. Os três são O Pai, O Filho e O Espírito Santo.

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Parece coisa de louco, não é mesmo? Também fiquei meio curioso com o que estava acontecendo. Recomendo muito que você assista ao filme, pois esse é só o começo. Vamos de filme? 😉

== MINHA OPINIÃO ==

Não sou fã de livros e filmes que tratem de religião ou que usem o tema para criar uma história. Acho muito forçado. Logo, quando fui assistir A Cabana, fiquei com um pé atrás. Como nunca li o livro, não sabia exatamente da história. Porém, quem tem amigos leitores sabe que é impossível não saber do que se trata um livro famoso, não é mesmo? Por conta disso, tudo o que eu sabia era que se tratava de um livro que falava da relação do homem com Deus e que todo mundo deveria ler. Como não sou todo mundo, não o li – brincadeiras à parte, não li porque não tive interesse mesmo, o livro não me chamou.

Para a minha felicidade, o filme se mostrou algo bem diferente do que eu imaginara.

Para começar, ele não trata de religião. A história se trata da fé, apesar de utilizar conceitos totalmente cristãos-religiosos. O próprio Deus, no filme, diz:

a religião não foi algo que eu criei. Tudo o que eu mais quero é que as pessoas vivam e dividam o amor em alegria e fraternidade.

Até o final do filme, fica claro que o que mais importa é a crença na entidade superior e a confiança de que ele sempre estará presente em todos os momentos da nossa vida – ressalvo que a base desse conceito foi a Igreja, a comunhão com o divino. Não poderia ser de outra religião? Se “religião não importa”, por que utilizar como exemplo a mais tradicional? Enfim, voltemos.

E por falar em estar em todos os momentos da nossa vida, o personagem principal, o pai que perdeu a filha, consegue retratar milhares de pessoas ao mesmo tempo. Aquele personagem é excelente porque ele faz com que você se identifique com ele em diversas situações: o sofrimento por ter feito algo que, ao seu ver, era ingênuo, mas que causou grande arrependimento a você ou a alguém; a perda de um ente querido ou de alguém que você conhece e considera muito; os questionamentos feitos ante momentos de dor e desespero, como por que me abandonastes? e onde você estava quando mais precisei?.

Houve momentos ali que eu me coloquei no lugar do personagem. Imagina você estar de frente para Deus e você ter suas angústias e perguntas que a vida lhe forçou a fazer. Aquela é a oportunidade para sanar dúvidas, para questionar e por fim a tudo que te atormenta. O personagem faz isso e muito mais. Quando eu pensava numa pergunta para ser feita, o personagem a fazia em seguida, como se fosse eu quem estivesse ali. As respostas, claro, são mensagens que somente você pode entender. Por que fala em signos?, o personagem pergunta – e eu também. Como você teve a coragem de deixar isso acontecer com um filho seu? o personagem pergunta – e eu também.

Há várias respostas que Deus dá ao pobre rapaz. Muitas delas cabem a nós interpretar e considerar sua relevância. Uma fala de Deus que me fez pensar foi a seguinte:

Eu não fiz aquilo com a sua filha. Infelizmente, há o mal no mundo, essa força que eu não posso proibir que exista. Eu amo a todos os meus filhos. Enquanto ele estiver se manifestando, eu preciso contar com meus filhos para acabar com ele, e isso não é fácil. É preciso que vocês espalhem o amor para que não haja espaço para o mal.

Claro, não foram exatamente essas palavras. Somente nós podemos fazer o mal sumir e transformar o mundo em um lugar melhor para viver.

Em outra parte, e talvez essa seja a que mais tenha tocado o coração das pessoas pela sua simplicidade e verossimilhança, o chefe de família se encontra com A Sabedoria em uma caverna. Após conversarem e colocarem as cartas na mesa, levanta-se a questão do julgamento. De maneira geral, todos nós gostamos de julgar: julgamos o outro por ser mal, queremos que alguém arda no inferno pelas suas ações vis. Desejamos que uma pessoa pague pelo o que fez. Porém, quem decide o que é certo e errado, bem ou mal? Nós mesmos. Nós criamos nossos conceitos e vivemos com ele. Quando o meu bem se encontra com o mal de alguém, isto é, quando o que eu julgo ser bom vai de encontro com aquilo que alguém julga ser mau, a guerra surge, os conflitos aparecem.

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A Sabedoria – momento de rever seus conceitos

Para exemplificar a lógica, A Sabedoria coloca o pai de família como juiz e lhe diz que um dos seus filhos deve ir para o inferno, e o outro para o paraíso. Quem ele mandaria? A filha, por estar dirigindo palavras feias e se isolando do contato familiar ou o filho, que anda mentindo? Nesse momento, o homem não consegue se decidir e diz leve a mim! Leve-me no lugar deles! Eu me ofereço para poder salvá-los!. Não há quem não se arrepie ou sinta o olho lacrimejar nessa hora! A Sabedoria, então, lhe diz isso é Deus. Acredito não precisar explicar muito essa cena, não é mesmo?

Há muitas outras cenas interessante bem como engraçadas, como a parte onde o pai de família anda sobre as águas quando está com O Filho (Jesus) ao seu lado – uma metáfora ao “tudo é possível quando você tem Deus ao seu lado”.

Um detalhe que eu achei bem interessante e de boa jogada do autor do livro foi a escolha das formas para representarem Deus e a Santíssima Trindade. Papai, O Pai, é uma mulher negra, O Filho é um israelita – acredito estar enganado em relação à nacionalidade – e O Espírito Santo é uma mulher coreana. Vê? Uma mistura de gêneros e etnias! Nada de homem branco, velho e barbudo. Esse aí é o Papai Noel, disse Deus. Esse lance de não usar padrões foi um ponto forte para a história, pois estamos sempre com uma imagem fixa de alguém em nossa mente que, às vezes, estamos errados e somos enganados por nós mesmos!

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Jesus, o chefe de família, Deus e O Espírito Santo

————————— ALERTA DE SPOILLER ———————————–

O final do filme é curioso, entretanto. O pai de família acorda em uma cama de hospital e descobre que, na verdade, enquanto ele ia para a cabana, ele sofreu um acidente de carro e ficou em coma durante o final de semana. Aí entra o questionamento: será que o que ele viveu nesses dias é uma amostra ou relato daquilo que as pessoas que voltam do coma relatam? Será que ele viveu mesmo ou foi um delírio? Essas perguntas não são respondidas, mas o narrador do filme – agora sabemos quem é – deixa claro que aquele homem mudou e passou a viver com uma alegria enorme dentro dele, amando mais e perdoando mais. Ele agora está mais firme na Igreja e vive com mais intensamente a sua vida.

Como eu disse no início, eu não curto filmes e livros que tratem de religião ou assuntos relacionados. A Cabana, entretanto, conseguiu abordar o tema de uma maneira diferente. O filme te faz ver com outros olhos o mundo ao seu redor. Você passa a entender algumas coisas e a querer mudar sua postura em relação a tudo o que ocorreu na sua vida. Ou simplesmente não, você pode sair da sala de cinema da mesma forma que entrou. Tudo depende de você, claro. Como dito no filme, Deus te ama do mesmo jeito.

Avaliação: 10/10


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Um forte abraço!

Jeferson Bastos

11 comentários

  1. A parte que mais me comoveu foi quando Mack questiona a Deus ( que foi representado por ma mulher, o que me surpreendeu bastante) o porquê de ele ter permitido a morte de Missy, por que não ficou ao lado dela quando ela mais precisou, se aquilo era um castigo por ele ter matado o pai quando criança.

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  2. Quando ele está com Deus, ele pergunta se ele deseja ficar ou voltar, acredito que, neste momento ele já estivesse “morto”, como ele desejou voltar para a família, Deus o permitiu ter mais uma chance, interessante essa parte.

    Curtido por 1 pessoa

  3. Jeferson Bastos,
    penso da mesma forma , quando comecei à assistir achei que iria detestar e que seria mais um filme com cenas ridículas e chatas. Mais foi incrivelmente lindo a forma que o filme foi se revelando para mim foi muito bem colocado todas as questões e conflitos…… Amei e fico pensando, que bom que, minha filha de 18 anos me convidou para assistir!

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  4. Primeiramente, muito boa sua resenha. Parabéns!
    Admito que eu também já havia ouvido falar muito do livro e do filme “A Cabana”, mas nunca tive interesse de me aprofundar. No entanto, minha professora nos passou o filme e eu só posso dizer o quanto fiquei encantada. Como sou uma leitora fanática, aproveitei para ler o livro também. Ainda estou maravilhada com a perfeição do enredo.
    A sua resenha está realmente incrível e me fez reviver os detalhes. Desejo sucesso!

    Curtido por 1 pessoa

    1. Muito obrigado, Lllihflipes!

      Eu precisava escrever algo sobre esse filme, parecia um débito meu por ter ficado encantado com toda a história. Rs.

      E muito me agrada ver que as pessoas estão gostando. Mais uma vez, obrigado!

      Sucesso a todos!

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