Resenha: (Livro) Como Falar com um Viúvo – Jonathan Tropper

“Eu tinha uma esposa. Seu nome era Hailey. Agora ela se foi. E eu também.”

Este é o segundo livro que li do Jonathan Tropper. O primeiro foi Tudo Pode Mudar, como já comentei e resenhei antes. Como fiquei encantado com a primeira história, não era de se esperar que eu fosse ficar mega ansioso para ler uma outra, não é mesmo? E será que as expectativas foram atendidas?

A resposta é sim, sem sombra de dúvida! Esse livro é mais um que entrou na minha lista de favoritos, pois assim como o outro, este também mexeu comigo e quase conseguiu me fazer chorar durante a leitura. Não chorei porque achei que faltou um drama ou um motivo maior para tanto, mas fiquei bem sentido e tocado pela história e pelo personagem. Esse livro é realmente bom!

Resultado de imagem para como falar com um viúvoNome: Como Falar com um Viúvo (How to Talk to a Widower)

Autor: Jonathan Tropper

Editora: Sextante

Edição: 1

Páginas: 271

Sinopse: Eu tinha uma esposa. Seu nome era Hailey. Agora ela se foi. E eu também. Desde que sua esposa, Hailey, morreu há um ano, Doug Parker só pensa em se afogar em autopiedade e Jack Daniel’s. Não tirou nada do lugar em que ela deixou: o sutiã continua pendurado na maçaneta da porta, o livro, sobre a mesinha de cabeceira. Nada mais tem graça e até os coelhos que insistem em aparecer no gramado de sua casa no subúrbio de classe média alta de New Radford o tiram do sério. Mas Doug tem outras coisas com que se preocupar. Seu pai sofreu um AVC e não se lembra de quase nada. Sua mãe, uma ex-atriz de teatro, continua agindo como se ainda vivesse seus dias de fama. Sua irmã caçula e certinha, Debbie, conheceu o noivo durante o velório de Hailey, e Doug não consegue perdoá-la por isso. Seu enteado de 16 anos, que já foi um rapaz tranquilo, agora vive arrumando encrencas cada vez mais sérias. E tudo se torna ainda mais confuso para Doug quando Claire, sua divertida e mandona irmã gêmea, grávida e prestes a se divorciar do marido, se muda para sua casa, disposta a arrancá-lo do estupor do luto e trazê-lo de volta à vida – e isso inclui começar a sair com outras mulheres. Doug é jovem, charmoso e triste, ou seja, tem a química perfeita para protagonizar os mais inusitados encontros românticos. Em pouco tempo sua vida vira do avesso e lhe escapa totalmente ao controle, gerando uma hilária série de equívocos sexuais e episódios familiares tragicômicos. Engraçado, melancólico, sensual e inteligente, Como falar com um viúvo é um romance sobre encontrar seu próprio caminho, mesmo quando não se tem ideia do lugar aonde se quer chegar.

Nosso protagonista é o Doug Parker, um trintão depressivo. O motivo principal é a morte da mulher que ele amou de verdade, a qual foi vítima de um terrível acidente aéreo. A vida de Doug parece ter sido destruída juntamente com o avião e sua mulher, Hailey.

Toda sua melancolia acabou sendo direcionada para o trabalho – Doug é autor de uma coluna em um jornal – e acabou conseguindo “dar a volta por cima” ao decidir escrever artigos em homenagem a sua falecida mulher, dando conselhos e relatando como é difícil viver após terríveis incidentes.

Seus artigos foram tão bem escritos que isso lhe rendeu uma fama e um reconhecimento maior por parte do seu público leitor, mas também acabou lhe cedendo o título de “o pobre viúvo”, “o coitado depressivo” entre as pessoas a sua volta. Todos tomaram ciência da sua situação e o abraçaram, mas esse sentimento de dó o faz se sentir mais irritado e triste com a vida.

Agora, Doug precisa conviver na companhia de seu “filho” Russ, um adolescente encrenqueiro filho da sua mulher, massa não dele. Apesar das diferenças e dos problemas que Russ se mete na escola, o relacionamento entre os dois é bom, como de pai e filho – Doug não gostaria de ser pai de um adolescente como o Russ, mas a vida tem suas ironias.

Muitas vezes, apesar de ele ser o cara que está sofrendo ali a morte de alguém que ama e que tem problemas demais para resolver, Doug vai à escola onde Russ estuda e tenta resolver algumas situações críticas do garoto, como o mau comportamento – Russ coloca a culpa na perda da mãe, e nisso podemos concordar –, as péssimas notas e algumas brigas entre os colegas.

Para a sorte de Doug, a diretora da escola é bem sensata e compreensiva que entende o momento que os dois – pai e filho – estão passando. Ela até dá mole para o Doug…

Como se não bastasse – e para que a receita de Jonathan Tropper ficasse completa –, a família do nosso protagonista surge e os problemas só aumentam! O pai de Doug sofreu um AVC e agora possui lapsos de memória, onde não se lembra muito bem do filho, mas só quer saber de transar com sua mulher como se fosse a primeira vez, a qualquer momento e em qualquer lugar.

Sua mãe, que sempre foi contra a ideia de o filho se casar com uma mulher que já tem um filho adolescente, mostra uns deslizes de sanidade, deixando claro, com o tempo, que ela também não bate bem da cabeça. A sua irmã, Debie, para contrariar seus sentimentos, encontrou o amor da sua vida no momento mais triste da vida de Doug: no velório da Hailey.

Doug fica ressentido com o ocorrido, porém feliz pela felicidade da irmão. Claire decide ir morar com seu irmão e seu enteado. Ainda, convence Doug a conhecer outras mulheres.

A aventura e as histórias começam por aqui.

Sobre o livro…

Jonathan Tropper consegue ser bem claro nas aventuras e desventuras do seu personagem principal, principalmente no quanto ele está sofrendo a perda da amada.

A princípio, podemos achar que o livro será entediante por se tratar de um homem em luto, nos fazendo pensar que só teremos tristeza e drama em todas as páginas.

Há momentos sim de tristeza, drama e melancolia, principalmente nos capítulos destinados aos artigos que Doug escreve sobre seu luto. Nessas partes, eu respirava fundo antes de começar a ler, pois sabia que algo impactante estava por vir. Meus olhos chegavam a lacrimejar ao ler os relatos daquele viúvo. Do mesmo modo, minha boca se abria em sorrisos em determinadas partes, pois o livro não é de todo drama.

Momentos de humor e situações curiosas fazem parte da história, não é mesmo, Tropper?

Algumas cenas são de tocar, como já deixei bem claro. Outras, ficam na nossa memória por um bom tempo. A relação entre Doug e Russ, por exemplo, é tão bem tratada que não é difícil de se identificar com eles – eu não me identifiquei por motivos bem óbvios!

Um pai depressivo e um adolescente rebelde, mas com causa, conseguindo manter o relacionamento forte ao mesmo tempo que procuram um no outro um suporte para aquela dor insuportável de perder alguém que ama.

Uma parte que  me lembro bem foi quando o Russ fez uma tatuagem de um cometa atrás da orelha. Doug descobriu essa travessura – a Haily, mãe de Russ, não aprovava tatuagens – e deu um bronca no garoto. O mesmo se defendeu afirmando que, mesmo sabendo que o nome do cometa – Harley – e da mãe – Hailey – são diferentes, aquela seria uma lembrança que ele levaria para sempre da sua mãe. Doug ficou em silêncio, se perguntando por que nunca pensou nisso antes.

Os relacionamentos que o protagonista vai conseguindo – ou não – com outras mulheres nos mostram que a vida não possui um final feliz. Existem apenas dias felizes e dias tristes, momentos bons e momentos ruins.

É exatamente essa a mensagem que o livro traz para a gente. Em um instante, tudo pode mudar (referência ao livro anterior), inclusive nossa vida. Não sabemos quando estaremos felizes ou tristes.

Temos que aproveitar cada momento, e Jonathan Tropper é excelente em criar romances com essas temáticas!

Observações

1 – A capa é bem objetiva: tudo branco e com letras coloridas, uma lixeira e um porta-retrato virado para o chão. Acredito que esses desenhos simbolizem as tentativas frustradas de melhora a vida e a falta de coragem de reviver o passado, respectivamente.

Ainda, quando li o livro pela primeira vez, achei meio irônico ele ser “colorido” e se tratar de “falar com um viúvo”. Acredito que essa seja uma forma de apresentar a ironia que a vida trouxe para nosso melancólico Doug Parker…

2 – Uma vez, em um dos episódios de Orange Is The New Black, apareceu uma cena onde a Red estava lendo esse livro. Não deu muitos detalhes não, mas eu logo percebi que precisava ler esse livro! Se era um sinal ou não, não sei, mas que eu não irei me arrepender, isso é fato!

Avaliação: 10 / 10

2 comentários

Deixe um comentário